Enquanto a Max acerta na imagem, a experiência do usuário tropeça no essencial

A importância da experiência do usuário em relação às legendas e acessibilidade
Anúncio que a plataforma HBO Max vai passar a se chamar Max.

Max, sucessora da HBO Max, reúne em seu catálogo algumas das produções mais aclamadas pela crítica e pelo público. Títulos como Game of Thrones, The Last of Us, House of the Dragon e Succession foram grandes sucessos da plataforma. Faço parte do público que assistiu a todas essas produções — e a outras que têm meu coração — tanto originais quanto licenciadas.

Desde 2020, quando a Warner Bros. lançou seu serviço de streaming com o nome “HBO Max”, a marca já passou por três rebrandings. Primeiro, surgiu com uma paleta em tons de roxo. Em 2023, foi relançada como “Max”, trocando os tons de roxo por azul. Já em abril de 2025, adotou discretamente um novo visual em preto e branco, evocando a identidade clássica da HBO. Mais recentemente, em maio de 2025, a empresa anunciou que o serviço voltará a se chamar “HBO Max”. Segundo David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, a decisão visa reforçar a identidade da marca HBO, reconhecida mundialmente pela qualidade de seu conteúdo. Além das mudanças estéticas, nos últimos anos a Max ampliou seu catálogo com a fusão com a Discovery, Inc., oferecendo mais possibilidades para todos os membros da família.

Mas, diante de tantas atualizações visuais, a parte operacional da plataforma parece não ter sido tratada com o mesmo cuidado — especialmente no que diz respeito às legendas. As personalizações de fonte, cor e plano de fundo não podem ser feitas diretamente no player. O usuário precisa sair do conteúdo, ir até a tela inicial e acessar as configurações para ajustar suas preferências — e isso apenas no desktop. No app para celular, sequer há opção para alterar o estilo das legendas. Outras plataformas como a Netflix são muito mais intuitivas nesse aspecto, permitindo ajustes diretamente nos controles de reprodução do player. Além de seu catálogo forte, a preocupação com a experiência do usuário ajuda a explicar sua liderança no mercado.

Outro ponto sensível é a qualidade das traduções. Muitos usuários vêm relatando legendas mal traduzidas, literais demais ou fora de contexto. A primeira vez que percebi algo nesse sentido foi no lançamento da 2ª temporada de House of The Dragon, em que alguns episódios apresentaram erros notáveis — como “the wall” traduzido como “o muro”, em vez de “a muralha”, como é chamado na série. Em outro episódio, uma frase inteira foi traduzida com o sentido oposto ao original.

Em setembro de 2024, foi noticiado que o Google firmou uma parceria com a Warner Bros. Discovery para legendar seus conteúdos usando inteligência artificial (IA). Segundo o comunicado, as legendas automáticas contariam com supervisão humana para garantir precisão e qualidade. Apesar disso, as críticas continuam. No X (antigo Twitter), muitos usuários apontam o uso de IA como um fator negativo.

As críticas, no entanto, não se limitam às redes sociais. Usuários também compartilham frustrações em fóruns como o Reddit e em plataformas como o Reclame Aqui, onde relatam falhas recorrentes na tradução, ausência de opções de personalização e descaso com a experiência de acessibilidade.

As legendas são um recurso fundamental para que as pessoas possam consumir e compreender conteúdos em outros idiomas. Elas também são essenciais para a inclusão de pessoas surdas ou com dificuldades de aprendizagem. A acessibilidade é um direito — e legendas bem-feitas são parte crucial desse compromisso.

A Max pode mudar de cor, de nome e de catálogo — mas precisa lembrar que legenda boa não é detalhe: é necessidade.

Laura Pavani

Analista de Produção Audiovisual na Chiaro Filmes, atua em todas as etapas da produção, da pré à pós-produção de vídeos e transmissões ao vivo. Atualmente cursa um MBA em Marketing e uma especialização em Direção de Conteúdo para TV e Mídias Digitais. Apaixonada por cultura, comportamento e linguagem cinematográfica, acompanha de perto os lançamentos e como eles dialogam com a sociedade.

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